Sobre os edifícios e as máquinas
Não vai longe o tempo em que os edifícios eram quase só habitações que se contavam como "fogos", pois centravam-se no fogo que crepitava no fogão. Ele aquecia os alimentos e os corpos nas noites frias de Inverno. E também as almas.
O termo ainda hoje se emprega, embora o fogo avulte apenas nas casas mais pobres que, felizmente, já não fazem a maioria entre nós. Nas outras, ficou o seu carácter congregador, associado a magia do fogo na simbólica lareira...
E hoje proliferam muitas outras espécies de edifícios que não são habitações no tradicional sentido de lar: não se centram na lareira.
Foi-se o fogão como única fonte de energia no lar mas vieram as "máquinas" para os mais diversos fins, utilizadas em toda a espécie de edifícios que vão beber a outras fontes longínquas.
Necessitamos de mais energia para o funcionamento das "máquinas" que utilizamos na construção dos edificios, bem como na extracção, na fabricação e no transporte dos materiais que neles aplicamos. Necessitamos de mais energia para o funcionamento das "máquinas" que neles utilizamos na nossa vida quotidiana.
Não são os edifícios mas as "máquinas" que "consomem" energia, pelo que muitos de nós que concebemos e construímos os edifícios, somos levados a pensar que não são da nossa conta os problemas sociais e ambientais criados pelo abuso das "máquinas" e pelos seus crescentes consumos de energia, designadamente: a insegurança do abastecimento energético e o aquecimento global associado ao ciclo de vida útil dos combustíveis fósseis.
Mas também são, na medida em que remetemos para as "máquinas" a solução de problemas que poderiam ser melhor resolvidos pelos edificios ou mesmo ser evitados, incluindo os que decorrem da "virtualização" da nossa vida quotidiana.
sobre mim
Fausto Simões
Dados Biográficos: Licenciado em Arquitectura pela ESBAL; Actividade profissional, em regime de profissão liberal. Quadro superior da Administração do Porto de Lisboa entre 1977 e 1994. Casado, com dois filhos, residindo actualmente em Lisboa.
Actividade Profissional: Entre os planos regionais e urbanos e projectos de edifícios de habitação e de serviços efectuados, destacam-se dois estudos, não pelo seu porte, mas pela sua decisiva contribuição, a dois níveis, para a consciencialização da intima relação entre o homem e o “ambiente”:
- Ao nível regional, o Plano Director da Corimba, Luanda, 1977,realizado com Manuel Laginha e A. Viana Barreto. O plano visou respeitar as aptidões do meio biofísico face ás necessidades humanas em presença, seguindo a concepção e o método de Ian McHarg (Design with Climate, Doubleday,1971).
- Ao nível local, o projecto da Casa do Telheiro, Leiria. Realizado em 1977 e parcialmente construido, este projecto explora o princípio da Casa Autónoma, As suas instrutivas vicissitudes estão sumariadas na Comunicação “Habitação e Conservação de Energia” (Actas do “Encontro sobre Aplicações Térmicas da Energia Solar”, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 1981).
Trabalhos de I&D sobre Arquitectura Energia e “Ambiente”, de que se destacam os seguintes:
Estudos e Projectos:
- Casa Solar Passiva do Casal do Cónego, Leiria, 1982. Projecto experimental em que foi acompanhada a construção e a utilização durante dois anos. Concepção, construção, previsão e resultados constam de documentação publicada pelo CSOPT (“Encontro sobre Arquitectura Passiva e Activa”, Lisboa, 1982) e das actas das 1ªs Jornadas de Física e Tecnologia dos Edifícios (IST,Lisboa, 1984);
- Casa Solar Passiva de Vale Rosal, Almada, 1985. Projecto experimental em que foi acompanhada a construção e a utilização durante dois anos. Concepção, construção, previsão e resultados constam dos seguintes artigos: “Passive Solar Techniques for Energy Conservation in Buildings” (CIB/LNEC, Lisboa, 1986), “Energy and Buildings for Temperate Climates, PLEA88 (Pergamon Press, 1989), “Edifícios Solares Passivos em Portugal" (INETI/Altener, Lisboa, 1997), "A parede trombe não ventilada na Casa Solar Passiva de Vale Rosal" (não publicado).
- Escritórios da Taxa de Porto , Lisboa, 1985-1988. Projecto em que se procurou conjugar a satisfação de exigências ambientais, a conservação de energia e a conservação do património. Foram acompanhadas a construção e a utilização durante dois anos;
- Edifício de Habitação Colectiva Para Vila do Conde , 1988. Extrato do projecto para um conjunto de edifícios de habitação social, apresentado ao "Concurso de Arquitectura PLEA 88 - Edifício Climaticamente Adequado". Em colaboração com os arquitectos Justino Morais, Pedro Nunes e o Engenheiro Rafael Ribas;
- Casa do Padrão , Leiria, 2002. Projecto corrente em que foi aplicada a concepção bioclimática. Foi cuidadosamente acompanhada a construção e está a ser acompanhada a utilização;
- LdC - Uma experiência em curso (2002-2016): Caracterização do projecto, Resultados quanto à construção, Resultados da utilização - 1ª parte, Resultados da utilização - 2ª parte;
- CLICON - Método de Concepção para desenhar com o clima. A sua descrição consta da publicação “Energia Solar e Qualidade de Vida”- VIII Congresso Ibérico de Energia Solar (ISES/SPES, Porto, 1997);
- Estudo de um sistema integrando o sol a lenha e o gás para o aquecimento ambiente e de águas domésticas em habitações unifamiliares. A sua evolução consta das actas do VI Congresso Ibérico de Energia Solar (SPES/ISES, Lisboa, 1993);
- Estudos sobre aptidão climática e acesso ao sol que constam das seguintes publicações: “Energias Límpias en Progresso” (AEES/ISES, Vigo, 1994) e “Environmentally Friendly Cities – Proceedings of PLEA98 (JamesXJames, London,1998);
- Estudo sobre habitações escalonadas em encostas declivosas, cujos primeiros resultados foram apresentados no “Pre-Regional Conference Meeting of The Commission on Climatology" e cujo sumário consta da publicação “Climate and Environmental Change” ( Ed. Colibri, Lisboa, 1998).
- Contribuições para a valorização objectiva da qualidade térmica da terra crua na 7ª Conferência Internacional sobre o Estudo e a Conservação da Arquitectura de Terra, DGMN 1993 e em: Terra em Seminário (pgs 279-280, Escola Superior Gallaecia/Edições Argumentum 2005) e Houses and Cities built with earth (pgs 52-54, Edições Argumentum 2006).
Formação e Divulgação
- Participação em acções de formação, cursos de pós-graduação e de mestrado na Associação dos Arquitectos Portugueses e depois na Ordem dos Arquitectos, em estabelecimentos do ensino superior e noutras instituições, quer na sua organização quer como docente;
- Participação em acções de divulgação na Associação dos Arquitectos Portugueses e depois na Ordem dos Arquitectos, em escolas secundárias e outras instituições, no continente e na Madeira;
- Comunicações e artigos publicados em jornais e revistas e actas de congressos da Associação dos Arquitectos Portugueses e depois da Ordem dos Arquitectos. Destaca-se os artigos: “Os arquitectos e o ambiente”, Revista “Energia”, jul./Ago./Set. 1997 e Out./Nov./Dez. 1999, Lealgo, Lisboa; "Arquitectura e Natureza", Revista "Casas de Portugal", Setembro-Outubro 2000, Novembro-Dezembro 2000, Maio-Junho 2001 e Abril 2002 (as duas ultimas com o Eng Cruz Costa), Edições Expansão Económica Lda, Barcarena; "Desenhar para a sobrevivência", Revista "Arquitectura e Vida", Julho 2003; ""Arquitectura e construção", Energuia - Guia de Eficiência Energética na Habitação" (3ª edição, Maio 2009, Publindustria, Produção de Comunicação Lda); , ""Isolamento e Inércia", Construção Magazine - Revista Técnico-Científica de Engenharia Civil", nº 32 - Julho/Agosto 2009, , ""Queremos casas ou "máquinas de habitar"", Construção Magazine - Revista Técnico-Científica de Engenharia Civil", nº 35 - Janeiro/Fevereiro 2010 ; "O acesso ao sol dos edifícios e da cidade, Energuia - Guia de Eficiência Energética na Habitação (5ª edição, Maio 2011, Publindustria, Produção de Comunicação Lda);
- Artigos publicados no meu blog: "A sensibilidade de Proust", "Os edifícios e as máquinas", "Para uma história do inconforto em Portugal I", "Form follows function", "Form follows function segundo Alvar Aalto", "Para uma história do inconforto em Portugal II", "A arquitectura e os materiais", "Urbanismo comercial sociedade e ambiente", "A insustentável leveza", "Três arquitectos que projectaram com o clima", "Um arquitecto que não projectou com o clima", "Fabrica & ratiocinatio", "A qualidade das nossas casas", "Da soliditas à sustentabilidade", "Leiria - uma cidade em transformação", "Arquitectura e técnica", "Forma e função na arquitectura", "Hertzberger", "Aprender a jogar com a arquitectura", "Arquitectura e escultura", "Arquitectura e utopia", "Desenvolvimento sustentável e arquitectura bioclimática", "Uma arquitectura que faça sentido", "The american motorway of life", "Arquitectura e economia", "Coup de pioche", "A casa das histórias", "Arquitectura e engenharia", "A aldeia e a cidade", "A mão que pensa", "Casas pequenas", "A cidade e o mercado", "Rem Koolhaas", "As cidades felizes de Hundertwasser", "A casa Tugendhat", "Corbu: da metáfora maquinista à biológica", "Considerações sobre a sensibilidade de Proust", "Sobre o tempo", "Smart cities", "O futuro está nas cidades", "Raul Lino -Uma nota singela", "Siedlung Halen", "Sobre a qualidade do ambiente", "Os três mundos da arte", "A Torre do Inferno", "Um simples muro de tijolo", "Diálogo sobre a Arquitectura", "A ponte Salginatobel".
Participação em Grupos de Trabalho
- Membro da Comissão de Estudos sobre Gestão de Energia nos Edifícios (CSOPT/MOPT, 1985-1988);
- Participação como "perito em energia" na revisão da obra "A Green Vitruvius" (ACE/UE DGXVII) e responsável pela sua versão portuguesa. (OA, 2001);
- Membro da Sub-comissão de Regulamentação de Eficiência Energética em Edifícios (2002-2006) e da equipa de Formação de Formadores do SCE - Módulo RCCTE
papers apresentações & relatórios
Cidades sustentáveis
Para uma avaliação da sustentabilidade de um projecto
Desenho climatico
Concepção bioclimática da casa do futuro
A casa - da energia à ecologia
A passivhaus no quadro das estratégias bioclimáticas
O binomio conforto-energia nos pequenos edifícios
Três respostas a três perguntas
A nossa terceira pele
Estratégias Bioclimáticas - O Factor-Forma
Estratégias Bioclimáticas - Solar Passivo
Conforto e Estratégias Bioclimáticas (Podcasts)
Da "caixa hermética" à "vida entre os edifícios"
Acesso ao sol - edifícios e espaço urbano
Instrumentos de desenho solar
A simulação dinâmica como instrumento de desenho